Dakar 2020 terminou com sentimentos mistos entre os lusos
Tragicamente marcado pelo falecimento de Paulo Gonçalves no passado Domingo, o Dakar 2020 teve hoje o seu derradeiro dia de competição. Pela primeira vez discutido por paragens da Arábia Saudita a prova teve sabor português na vitória final da Honda já que a equipa do construtor nipónico – que regressou ao primeiro lugar no final de um jejum que datava de 1989 – foi pela primeira gerida por Ruben Faria e contou igualmente com Hélder Rodrigues nas suas fileiras, estando igualmente na mesma Miguel Santos, elementos de importância primordial no sucesso assinado pela mão de Ricky Brabec, o vencedor da prova.
No arranque para este novo Dakar eram os cinco pilotos nascidos em Portugal em prova, aos quais se juntou igualmente Sebastian Buhler, alemão mas radicado desde sempre em Portugal e a participar na prova com licença desportiva lusa. Infelizmente ele e Joaquim Rodrigues abandonaram depois do trágico acidente de Paulo Gonçalves, sendo que o trio estava junto na formação da Hero Motosport.
No final de duas intensas semanas de competição foram três os lusos que subiram ao palanque de chegada, com António Maio a ser o melhor do trio. O capitão da GNR começou da melhor forma esta corrida tendo conquistado um lugar no Top 20 absoluto logo no inicio e chegou a ocupar o 19º posto à geral, uma posição que manteve até à quarta etapa altura em que uma queda, de onde a moto saiu muito danificada, acabou por o impedir de conquistar um ambicionado lugar no Top 20. No entanto, António Maio encetou uma recuperação brilhante e lutou por subir na classificação tendo conseguido mostrar a sua tenacidade terminando a corrida no Top 30. Este Dakar 2020 foi o segundo onde António Maio participou e, ao contrário da primeira experiência, concluiu com sucesso aquela que é considerada a mais dura e difícil corrida de todo-o-terreno do mundo.
‘Agradeço a todos os meus amigos e patrocinadores que tornaram possível este objectivo e que me acompanharam e apoiaram até ao fim. Quero dedicar a minha participação ao Paulo Gonçalves, um amigo e excelente piloto que está a olhar por todos nós de certeza. Obrigado também a todos os portugueses que estão aqui a apoiar-nos. Agradeço também ao meu mecânico Bruno Pires pelo trabalho excelente que realizou. Obrigado a todos.’ comentou o piloto alentejano depois de receber a sua medalha de finalista no Dakar 2020, o primeiro que termina.
Fausto Mota foi o segundo melhor dos lusos e aos comandos de uma Husqvarna FR 450 Rally gastou no total 48h45m30s para percorrer todos os sectores selectivos de uma competição dura e exigente, como o Dakar já nos tem habituado. Fausto Mota concluiu a prova quase sem registo de incidentes. Uma competição que para o piloto ficou ainda marcada pelo auxílio que prestou ao piloto sul-africano Ross Branch na sexta etapa. Terminou em sétimo lugar da classe maratona e na 31ª posição da classificação geral absoluta, esta que foi a sua quinta participação no Dakar.
‘Correu tudo bem, mantive o meu ritmo normal sem registo de percalços. Quero agradecer á minha família, aos meus patrocinadores e aos meus amigos e quero acima de tudo dedicar este Dakar ao Paulo, à sua família e amigos que estão a passar momentos muito difíceis com esta perda.’ revelou o piloto do Marco de Canavezes no palco de recepção aos sobreviventes deste Dakar.
Mário Patrão entrou com natural prudência e expectativa neste Rali Dakar 2020 que pela primeira se disputou vez nas duras pistas da Arábia Saudita, mas ao longo de toda a prova evidenciou um andamento consistente dentro dos primeiros pilotos que a ASO não insere na Classe Elite. Um problema eléctrico na sua moto condicionou o resultado na terceira etapa, mas a partir daí o piloto foi melhorando significativamente na tabela classificativa absoluta, de uma prova muito exigente e na qual o ‘roadbook’ foi em algumas etapas entregue poucos minutos antes do arranque para a jornada do dia, o que criou uma dificuldade acrescida para os pilotos.
Mário Patrão terminou logo atrás de Fausto Mota, após uma participação também marcada pelo acidente fatal que vitimou Paulo Gonçalves na sétima etapa. Mais tarde, na 11ª etapa, Mário Patrão parou para prestar auxílio ao piloto holandês Edwin Straver depois deste ter sofrido uma violenta queda.
‘Foi um ano difícil, mas consegui terminar o Dakar que era o principal objectivo. Foi um Dakar num novo país, num novo continente e com muitas diferenças. Foi um Dakar muito mais rápido, com menos navegação e mais perigoso, no meu entender. O descontentamento é geral e a organização terá muito trabalho para o próximo ano. Quero deixar um agradecimento a todos os patrocinadores, sem vocês estar aqui não seria possível. Agradeço o apoio, e acima de tudo a aposta feita, trazer os meus patrocinadores de sempre para uma equipa oficial é algo que me enche de orgulho, o meu bem haja a todos.’ revelou o piloto.
A 42ª edição do Dakar ficou assim tristemente marcada na alma lusa pelo desaparecimento de Paulo Gonçalves, piloto que foi campeão do mundo Cross-Country e Rallyes em 2013 e segundo classificado no Dakar em 2015.
Classificação Final Portugueses:
27º António Maio – Yamaha a 6h15m21s
31º Fausto Mota – Husqvarna a 8h42m54s
32º Mário Patrão – KTM a 8h44m09s
FMP
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