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Existe apenas um motivo para não se realizar ou anular uma prova de enduro. Esse motivo é a falta de segurança. E a falta de segurança pode manifestar-se de duas formas. Uma através do terreno e outra através do tempo regulamentar definido para percorrer uma determinada distância. Ambas têm solução.
Começando pela segunda, de nada serve argumentar que se o piloto percorrer essa distância com o devido cuidado, nem que para isso penalize, elimina o factor perigo. Não é verdade. Primeiro porque se o tempo é o regulamentar, tratando-se de uma competição, o piloto dará o máximo para não exceder esse tempo. É o máximo que todos os pilotos querem dar, mas em segurança como em qualquer outra competição. Segundo, e este motivo é ainda mais forte, porque existem zonas em pleno percurso em qualquer enduro que, se o piloto tem um acidente grave, para o socorrer através de uma ambulância ou outros meios é muito complicado e moroso, senão por vezes impossível. Situação esta que não acontece nas competições realizadas em circuito fechado, como é bom relembrar. E a segurança do piloto tem de estar sempre salvaguardada dentro daquilo que, obviamente, é previsível e de conhecimento através da experiência.
Em relação ao terreno, convém recordar que perigo não é sinónimo de dificuldade. Uma extreme ou uma trialeira pode ser de dificuldade elevada e não ser perigosa. Porque se o for, o piloto tem todo o direito de recusar faze-la. O enduro é uma competição, profissional para alguns, e não um circo. Por muito profissional que o piloto seja, ele não é obrigado a sujeitar-se ao perigo e mais, deve recusar e servir de exemplo para os amadores. Quanto à dificuldade de uma extreme, a partir do momento em que os regulamentos não permitem ajuda em plena especial, ela tem de ser equivalente aquilo que o binómio máquina/piloto sozinho consegue transpor, com maior ou menor dificuldade dependendo do piloto. Claro que é fácil falar e mais difícil é quantificar o grau de exigência de uma determinada zona, principalmente quando o tempo e a constante passagem de pilotos altera as condições da mesma. Mas na comissão e nas organizações existem pessoas que sabem de enduro, pelo que é fundamental que na altura de analisar a dificuldade de uma extreme alguém capaz esteja presente. E esse alguém tem de ter a capacidade e legitimidade de decidir de maneira a encontrar alternativas ao traçado préviamente definido.
Não foram citados nomes de pilotos nem de organizações. O objectivo desta opinião é servir de reflexão, independentemente de se concordar com ela ou não.

Em relação ao que aconteceu no Enduro de Marco de Canavezes a única coisa que me preocupa é existir a hipótese de alguns elementos da Comissão baterem com a porta. Independentemente do que aconteceu e de quem é a culpa, por acaso justifica-se uma medida tão drástica que, espero eu tenho sido pensada a quente? Os problemas resolvem-se e é com eles que aprendemos e evoluímos. É muito fácil fazer rolar cabeças quando não somos nós os responsáveis! Uma coisa é errar na altura de decidir (algo que pode acontecer a qualquer um) outra é a incompetência. E penso que na comissão estão pessoas muito competentes e que têm dado muito ao enduro.
Já agora, porque é que não participaram alguns pilotos da classe Nacional no segundo dia do Enduro de Marco de Canavezes, definido com tempos B e não tendo que efectuar a totalidade da extreme? A prova estava perigosa mesmo com estas alterações?



Boas curvas,

Nuno Coelho (nunoandrecoelho@gmail.com)

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